quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quebrando a cabeça - VONTADE DE POTÊNCIA

Desde sábado venho estudando a "Vontade de Potência" de Nietzsche, aliás, não vou postar nenhum aforisma do filósofo, simplismente quero apresentar a idéia central. Numa busca incessante por um texto apresentável para mim, para todos nós, que vim a ter a idéia do post. Achei um texto(prometo que vou escrever eu mesmo da próxima vez) que além de abordar de forma simples e direta a idéia da vontade de poder abrange vários temas de forma simples. Peguei de outro blog xD



Vontade de potência

Hoje em dia está cada vez mais escasso o número de pessoas que não julgam outrem pela aparência. Um indivíduo que possui uma boa formação é julgado pela sua aparência e não pelo seu currículo. O materialismo dos últimos séculos tem corrompido a sociedade, que por sua vez, é um aglomerado de pessoas cuja ideologia é a de rebanho. A humanidade desviou-se de sua meta inerente – a da salvação – e hoje baseia a sua vida na tão comentada vontade de potência que Nietzsche tanto alertou. Nesta sociedade o homem que mais tem dinheiro é o mais valorizado, mas na verdade quem deveria ser valorizado é aquele que melhor contribui intelectualmente.
Nós vivemos em um país cujo presidente tem menos grau de escolaridade que um garoto de doze anos, mas mesmo assim o povo o elegeu, pois era um trabalhador. Engraçado mencionar que o cidadão Luís Inácio da Silva seja um trabalhador; usando esse adjetivo dá a entender que o resto não é, mas os verdadeiros trabalhadores são aqueles que influenciam no intelecto das pessoas, como um filósofo ou um escritor. Entretanto, não é de se menosprezar um torneiro mecânico, ou um industriário ou qualquer outro tipo de trabalhador braçal, pois eles possuem uma grande contribuição para a economia mundial. O que eu quero dizer é que o trabalhador braçal – se não possui estudo – continue a contribuir dessa forma, todavia se o mesmo quisesse estudar, seria de muito mais valia para o Estado, pois contribuiria intelectualmente.
A sociedade utópica de Platão, cujo Estado seria governado por filósofos, é ao que me refiro: um lugar onde a intelectualidade é enaltecida e os valores de potência transmutados. Dizer que algumas camadas da população não podem votar seria uma grosseria contra a democracia, mas por outro lado é fato que muitos votam em troca de souvenires, e a proposta do candidato, por sua vez, é ignorada. É triste que alguns indivíduos tenham que pagar caro pela ignorância de outros.
Há também a sociedade de Karl Marx e Friedrich Engels, o tão comentado comunismo. Esse que visa acabar com a propriedade privada e nivelar a economia igualmente entre todas as camadas da população. A intenção é muito boa, pois nos permite sonhar em trabalhar no que quisermos. Já o capitalismo não nos dá essa oportunidade, o sujeito terá de trabalhar onde está o capital, onde o lucro é mais rápido, nos lugares em que o dinheiro é mais facilmente adquirido. Isso influencia no trabalho da pessoa e por isso que nos impede de desenvolver-nos intelectualmente. O capitalismo é como a Igreja da Idade Média, que impedia intelectuais como Pascal e Galileu Galilei de desenvolverem suas teorias, e matava indivíduos como Copérnico. Já o capitalismo não é tão pífio, mas mesmo assim não deixa que um sujeito desenvolva a área desejada, e sim aquela que lhe trará o capital, aquela em que lucrará. Essa vontade de potência é que caracteriza a sociedade contemporânea, os valores que até então eram cultivados, hoje são distorcidos pelo materialismo. As pessoas perderam seu foco principal, por isso o capitalismo triunfou sobre o comunismo, e também é o motivo pelo qual fez o comunismo fracassar. É impossível impor em uma sociedade individualista uma idéia como a igualdade financeira, na qual todos repartiriam e ninguém teria uma propriedade privada.Por outro lado, o comunismo lhe tira o direito de ir e vir, como aconteceu nos países em que foi empregado, e também faz desaparecer aquele ímpeto saudável de competição nas pessoas, o que seria muito ruim para o desenvolvimento. O capitalismo já proporciona essa vontade de superação.
Dizem que a lei do mais forte não existe mais desde a pré-história. Não poderia ser mais falso. Não há a lei do mais forte, no sentido literal do conceito, no entanto, figuradamente, não há nada mais presente e intrínseco à vida capitalista. No Brasil, político poderoso não vai pra cadeia, não deixa de ser rico e não perde poder, muito menos seus direitos e, infelizmente, é o reflexo da política brasileira. É bom que analisemos o caráter dos políticos brasileiros. É o maior exemplo que posso citar de vontade de potência. Quando estão em campanha é um sorriso aqui, um aperto de mão acolá, todavia quando isso cessa, tratam o cidadão com desdém, como se fosse um ser inferior. Ah, esses políticos, tão ricos e, no entanto, tão pobres. Na hora que precisam do voto são os indivíduos mais honestos e fazem propostas que chegam a ser utópicas, entretanto quando assumem o cargo só usam o cargo de maneira a se locupletarem. É como diria Nietzsche: “há homens que nascem póstumos”.
Quem muito alertou da vontade de potência foi Nietzsche, com seu jeito aforismático de ser. Esse que foi um dos maiores gênios que a humanidade já teve. O homem que matou Deus, que criticava fortemente as pessoas com “espírito de rebanho”, era o grande inimigo da igreja no século XIX. Há religiosos que afirmem que Nietzsche vivia enfermo justamente por criticar o Todo Poderoso. Mas ele só abriu os olhos de muitas pessoas, e mostrou o quão deplorável é o cristianismo. Uma religião que matou milhares de pessoas por causas pífias não deve ser respeitada por ninguém, aquela que incentiva o aglomerado de pessoas ignorantes perante idéias distorcidas dos ensinamentos do altruísta Jesus Cristo, este, que segundo Nietzsche, foi o único cristão que existiu. Jesus que pregou o amor ao próximo e quebrou valores hierárquicos e sociais, tornando-se o primeiro indivíduo que alegava ser Messias sem ter o apoio do governo. Não há problema em criar uma doutrina que incentive o altruísmo, entretanto o cristianismo tornou essa idéia um dualismo platônico. O religioso vive sua vida pensando no “reino dos céus”, e esquece o presente. O cristão vive na escuridão da ignorância que fora pregada durante séculos.
A vontade de potência do cristianismo chegou a tal ponto que as ações triunfavam sobre a razão, na qual a igreja é que possuía a verdade,criando assim um monopólio da razão. Hoje encontramos o cristianismo como uma religião decadente em busca de novos adeptos, um que seja ignorante e cego perante a sujeira homérica do cristianismo. O altruísmo é pregado de uma forma hipócrita. A igreja, especialmente a católica, é representada por pedófilos, que quebram o voto de castidade. Como alguém que abusa sexualmente de crianças pode ter moral para falar de altruísmo? Não há como. E o engraçado é que há milhões de pessoas que seguem a sua palavra.O cristianismo nunca existiu em massa, o seu objetivo perdeu-se para sempre na cruz junto com Jesus. A idéia de existir um salvador é ultrapassada, hoje vivemos em um mundo tecnológico, no qual a ciência destruiu os paradigmas (como o sistema geocêntrico na Idade Média) até então incontestáveis.
O mundo evolui, e o problema da vontade de potência de algumas nações dificulta esse processo. Como em pleno século XXI, no qual a não-violência é pregada de forma abundante, pode ainda haver guerras por regiões? Não há resposta conivente. O mundo é um reduto hipócrita, onde poucos se salvam. E ainda há guerras religiosas. Se a religião prega o amor ao próximo, como pode existir uma guerra de caráter religioso? É uma hipocrisia. Um conflito que dura milhares de anos, e ainda eles tem a audácia de denominá-la de santa.
Portanto, estamos de acordo que a vontade de potência é o que caracteriza o homem atual, o objetivo da salvação foi substituído pela mesma. A meta inerente de uma pessoa deve ser aquela na qual lhe trará alegria, a filosofia auxilia um indivíduo a buscar a salvação através dela, de uma forma análoga à religião. O medo da morte e do porvir é superado, e a vontade de potência é transmutada por outra vontade: a da felicidade.

MARCELO LEMOs