O "problema" é que eu acredito que meus melhores pensamentos acontecem pela noite, ou na ausência de pessoas. E minha ignorância não permite colocar em palavras um início bonito e satisfatório pra esse post(considero sempre os escritos das outras pessoas de alto esplendor e os meus sempre os piores!), pelo menos pra mim, que posso ficar a tarde toda escrevendo e não achar nada disso bom. Seja como for!
É preciso acabar com toda sua vaidade para aprender a ver as coisas verdadeiras, para distanciar-se da ignorância, assim dizia Nietzsche, Schopenhauer. Mas nunca deve-se ter heróis, nem seguir os passos de alguém, torne-se quem tu és! Diante disso eu posso acreditar que não quero seguir nada, que não quero acreditar em coisas frívolas, e me vêm a mente o fato de que meu "eu" é deixado de lado! Então lá vai o trecho de um livro do romantismo:
"A vida humana não passa de um sonho. Mais de uma pessoa já pensou nisso. Pois essa impressão também me acompanha por toda a parte. Quando vejo os estreitos limites onde se acham encerradas as faculdades ativas e investigadoras do homem, e como todo o nosso trabalho visa apenas a satisfazer nossas necessidades, as quais, por sua vez, não têm outro objetivo senão prolongar nossa mesquinha existência; quando verifico que o nosso espírito só pode encontrar tranqüilidade, quanto a certos pontos das nossas pesquisas, por meio de uma resignação povoada de sonhos, como um presidiário que adornasse de figuras multicoloridas e luminosas perspectivas as paredes da sua cela... tudo isso, Wilhelm, me faz emudecer. Concentro-me e encontro um mundo em mim mesmo! Mas, também aí, é um mundo de pressentimentos e desejos obscuros e não de imagens nítidas e forças vivas. Tudo flutua vagamente nos meus sentidos, e assim, sorrindo e sonhando, prossigo na minha viagem através do mundo.
As crianças - todos os pedagogos eruditos estão de acordo a este respeito - não sabem a razão daquilo que desejam; também os adultos, da mesma forma que as crianças, caminham vacilantes e ao acaso sobre a terra, ignorando, tanto quanto elas, de onde vêm e para onde vão. Não avançam nunca segundo uma orientação segura; deixam-se governar, como as crianças, por meio de biscoitos, pedaços de bolo e ameaças. E, como agem por essa forma, inconscientemente, parece-me, que se acham subordinados à vida dos sentidos.
Concordo com você (porque já sei que você vai contraditar-me) que os mais felizes são precisamente aqueles que vivem, dia a dia, como as crianças, passeando, despindo e vestindo as suas bonecas; aqueles que rondam, respeitosos, em torno da gaveta onde a mãe guardou os bombons, e quando conseguem agarrar, enfim, as gulodices cobiçadas, devoram-nas com sofreguidão e gritam: “Quero mais!” Eis a gente feliz! Também é feliz a gente que, emprestando nomes pomposos às suas mesquinhas ocupações, e até às suas paixões, conseguem fazê-las passar por gigantescos empreendimentos destinados à salvação e prosperidade do gênero humano. Tanto melhor para os que são assim! Mas aquele que humildemente reconhece o resultado final de todas as coisas, vendo de um lado como o burguês facilmente arranja o seu pequeno jardim e dele faz um paraíso, e, de outro, como o miserável, arfando sob seu fardo, segue o seu caminho sem revoltar-se, mas aspirando todos, do mesmo modo, a enxergar ainda por um minuto a luz do sol... sim, quem isso observa à margem permanece tranqüilo. Também este se representa a seu modo um universo que tira de si mesmo, e também é feliz porque é homem. E, assim, quaisquer que sejam os obstáculos que dificultem seus passos, guarda sempre no coração o doce sentimento de que é livre e poderá, quando quiser, sair da sua prisão."
Espero que gostem, muito obrigado pela atenção! ;)
4 comentários:
gostei do texto Allan ^^
fico legal
o livro que tu disse pra mim ler né?
vou ver se consigo na biblioteca a qual ainda não fui *se mata* :)
bom texto, parabéns
:*
AHAM
recomendo a todos.
Allan, que bom que você pode colaborar conosco, escreva sempre que tiver algo interessante para compartilhar, como esse texto. Acabei por lê-lo justamente agora, que estou estudando o Romantismo. Ah, a exsitência, é a coisa mais simples e mais complexa que conheço...
Abraço, Jana
;)
O blog é muito legal, irei postar sim.
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